Conheça Fernanda Young a partir de três momentos da sua carreira literária
- Redação do Matraca
- 15 de set. de 2020
- 3 min de leitura
Conheça Fernanda Young a partir de três momentos da sua carreira literária
Brenda Ribeiro, Cristiane Menezes e Olga Constância.
Há um ano, o mundo ficava mais triste. Morria a versátil e sempre jovem, Fernanda Young, aos 49 anos, mãe de quatro filhos e personalidade contemporânea de grandes contribuições para a cena artística brasileira. Atriz, escritora, produtora, roteirista e apresentadora de tv, Fernanda Young dizia que o “riso é libertador, terapêutico e generoso”. Em sua trajetória na literatura, escreveu 15 livros, sendo um deles publicado postumamente. Confira abaixo uma seleção de três publicações literárias que atravessam momentos importantes da carreira de Young:
Vergonha dos Pés (1996)

“...Os pés podem contar muito sobre uma pessoa… Pensar nos próprios pés e nos pés de toda humanidade.”
Primeira obra da autora, publicada pela editora Objetiva em 1996, soma mais de 15 edições e uma adaptação para o teatro. A personagem principal é a sonhadora Ana, uma menina-mulher solitária que cursa Letras, mas se vê incrivelmente entediada no mundo universitário. Ao abandonar a faculdade para se dedicar ao seu primeiro livro, Ana narra suas inventivas histórias com um olhar crítico, intenso, analítico e observador, levando ao leitor drama e humor na medida certa. Sempre com entonações sarcásticas, a protagonista remete à jovem Young que, atravessada por uma depressão incompreendida, se vê perdida no excesso de criatividade. Vê poesia até mesmo no mais concreto do mundo. O livro é divertido e mexe com a imaginação do leitor que é surpreendido com as viagens dos pensamentos de Ana que retratam, às vezes, suas diversas personalidades; as histórias da jovem escritora jamais chegam aos papéis. Assim como Ana, Fernanda Young também abandonou diversas faculdades, o que não foi empecilho para se tornar um dos maiores nomes da cultura brasileira.
Dores do amor romântico (2005)

Publicado em 2005 pela editora Ediouro, foi o primeiro livro de poesias escrito por Fernanda Young. Os poemas presentes na obra são de diferentes momentos de sua vida, alguns da década de 80, outros dos anos 2000. A coletânea proporcionou a junção de todas as poesias da autora. Algumas dessas produções são dedicadas a “A.M.” que remete às iniciais de seu então marido, “Alexandre Machado”. A obra traz algo bem confessional, em que a autora não se sente coagida em se abrir, expondo sentimentos reais já vividos em relacionamentos passados e presentes. Fernanda é bem verdadeira e mostra para os seus leitores que todos enfrentam problemas – isso não é um mal – e que ninguém nunca está sozinho em uma situação. Em alguns de seus poemas, ela faz justamente esses relatos, em que ressalta a melancolia vivida no tempo de hoje e aponta que o dever de sempre estar bem, não é de fato uma obrigação.
Pós-F: para além do masculino e feminino (2018)

Publicado em 2018 pela editora LeYa, foi contemplado pelo prêmio Jabuti 2019, na categoria de crônicas, recebendo um troféu póstumo pela obra. O livro, sendo o último publicado em vida pela escritora e roteirista, insere-se no debate sobre o que é ser homem e ser mulher na contemporaneidade. Além disso, revela as percepções da autora diante das causas feministas, da liberdade e dos papéis de gênero. Young apresenta, por meio de crônicas que remontam textos autobiográficos, reflexões que levam o leitor a pensar sobre o “Pós-F”: pós-feminismo e o pós-Fernanda Young, propondo uma abordagem que correlaciona o humor, o poético e o empírico. Em sua obra premiada, a autora também enfatiza a importância da aliança entre homens e mulheres para a conquista de uma sociedade igualitária.
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