Um ano da morte da escritora e roteirista Fernanda Young, conheça sua trajetória
- Redação do Matraca
- 15 de set. de 2020
- 3 min de leitura
Falecida em agosto de 2019, Fernanda Young deixa um legado de fãs e grandes trabalhos realizados.
Brenda Ribeiro, Cristiane Menezes e Olga Constância.

No dia 25 de agosto de 2019, não apenas o Brasil, mas todo o mundo perdia uma grande mulher: a escritora, roteirista, autora, atriz e apresentadora, Fernanda Maria Young de Carvalho Machado. Young teve 14 livros publicados ainda em vida e uma publicação póstuma e 18 participações em roteiros televisuais, entre eles nas séries Os normais (Rede Globo) e Shippados (Globoplay), produzidas com o seu marido Fernando Machado. Ela ainda encarou as telinhas sendo atriz na série de televisão Edifício Paraíso e como apresentadora do Saia Justa. No cinema, assinou o roteiro de quatro filmes, dentre eles Bossa Nova, um sucesso dos anos 2000.
Além de ter tantos trabalhos, Young também era mãe e esposa. Casada com Alexandre Machado, desde 1993, tiveram quatro filhos, as gêmeas Cecília Madonna e Estela May, nascidas em 2000, e dez anos mais tarde adotaram o casal de irmãos Catarina Lakshimi e John Gopala.
A escritora, desde a infância, trazia traços da depressão e isso a acompanhou durante toda a sua vida, mas ela soube procurar saídas como exercícios físicos, meditação e terapia para amenizar esses sintomas, sem fazer uso de medicação.
Uma determinada curiosidade sobre a escritora é que, apesar de ela ter iniciado quatro cursos superiores diferentes (Letras, Jornalismo, Rádio e Televisão e Artes Plásticas), não chegou a concluir nenhum deles. O curso superior de Artes Plásticas, o último iniciado por Young, estava em andamento quando a artista veio a falecer.

Em conversa com uma apaixonada por literatura, fã de Fernanda Young e historiadora formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Nivia Célia de Melo, que tomou gosto pela personalidade de Young. “Sou uma leitora voraz de alma, a partir daí tenho muito gosto por diferentes leituras. Mas a Fernanda Young, conheci através do programa ‘Os Normais’, que se tornou um dos meus prediletos pelo senso de humor e leveza que tratava os relacionamentos cotidianos”, disse. Lançado em 2001, o sitcom, estrelado por Luiz Fernando Guimarães, como Rui, e Fernanda Torres, como Vani, foi um grande sucesso nacional, transformando-se em filme posteriormente e caindo na graça do cinema brasileiro. “Quando soube do lançamento do filme, em 2003, fiquei super ansiosa, né?! Eu já era uma grande admiradora da série e, ao assistir ao filme, pude mais uma vez me encantar com o estilo leve, sarcástico, bem humorado e inteligente da trama”, avalia.
Para Nivia, Young era uma personalidade carismática, encantadora e sagaz. “Ela era uma mulher extremamente inovadora e revolucionária nas perspectivas que tinha sobre o feminino, sobre o cotidiano e as relações no geral. Tinha independência e autonomia de pensamento que fazem muita falta hoje. Talvez por isso mesmo ela tenha sido tão criticada por alguns setores da sociedade, que ainda hoje não estão prontos para certos diálogos”, constata.

Apesar dos trabalhos premiados como roteirista, atriz e apresentadora, Young ainda foi destaque na literatura. Seu primeiro livro publicado foi pela editora Objetiva, em 1996, intitulado Vergonha dos pés, um romance de estreia com mais de 15 edições publicadas e que, em 2008, ganhou uma adaptação para o teatro.
Outro importante momento em sua carreira como escritora foi no ano de 2019, após Young receber um troféu póstumo na 61ª edição do prêmio Jabuti, com o livro de crônicas Pós-F: para além do masculino e feminino, publicado em 2018 pela editora LeYa. A obra, sendo a primeira publicação de não ficção de Young, é uma seleção de textos autobiográficos que discutem sobre as questões de gênero na sociedade. No livro ela relata, de forma sincera, sobre uma vida livre de estigmas e calcada na sobrevivência do amor, no respeito ao outro e na sustentação dos próprios desejos.
Em toda sua carreira como escritora, roteirista, atriz e apresentadora de tv, Young se destacou por sua personalidade autônoma, eloquente, provocadora e inteligente. Nesse entreato, conquistou públicos que perpassam pelas áreas da literatura, audiovisual, da classe artística e de simpatizantes de suas causas. Em toda obra de Young é possível perceber que, além das profissões que a cabiam, ela era, primordialmente, uma comunicadora vanguarda, que se expressava por meio da palavra escrita e falada, de uma forma política, arrojada e artística.
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