Novo Coronavírus modifica cenário cultural divinopolitano
- Redação do Matraca
- 1 de set. de 2020
- 3 min de leitura
Obrigados a paralisar as apresentações devido a pandemia,
artistas da cidade se adequam à nova realidade e buscam alternativas
Por Rosimeire Corrêa, Paula Alana e João Pedro Cardoso

A Covid-19 chegou transformando as relações sociais, uma vez que autoridades de saúde pedem o isolamento social. Em consequência disso, as atividades culturais presenciais foram canceladas por todo o Brasil. Em Divinópolis, o Teatro Gravatá foi fechado o temporariamente pela Secretaria Municipal de Cultura (Semc) no dia 15 de março, seguindo as recomendações da Secretária de Saúde (Semusa) e do Grupo Técnico de Enfrentamento ao Coronavírus.
De acordo com Samira Santos Cunha, Coordenadoria do Teatro Municipal Usina Gravatá, o local é o principal espaço Artístico Cultural da cidade com estruturação de acústica e de teatro. Quase todas as produções que precisam dessas condições, são realizadas lá. “Foi de fato um impacto significativo para a toda cadeia produtiva da arte”, ressaltou a coordenadora.
Segundo Samira, não há previsão para a volta dos espetáculos com a participação da plateia. O espaço, segundo Samira, está disponível para apresentações de forma remota. . O Teatro, que tem 296 lugares, pode ser usado de portas fechadas com ventilação artificial e com limite de ocupação. No próximo dia 29 de agosto, acontecerá na Usina uma live solidária em benefício do Instituto Helena Antipof. Na live, um QRcode será disponibilizado para que os espectadores façam as doações que serão divulgadas ao vivo.

Lei Federal como solução para os artistas
No intuito de amenizar e ajudar a classe artística durante a pandemia, o Governo Federal criou a Lei Aldir Blanc. A Prefeitura Municipal de Divinópolis estabeleceu, no mês de abril, pontos de orientações nas sedes das secretárias de Cultura e Agronegócios para artistas, pequenos produtores culturais e demais interessados em obter o auxílio no cadastramento. O processo também pode ser feito através do AppDivinópolis. O auxílio da Lei Federal pode ser recebido por artistas, técnicos, prestadores de serviço na atividade cultural, que não podem exercer suas atividades e que não tenham recebido outro auxílio governamental, incluindo aposentadoria. Serão pagas três parcelas de R$ 600,00, por três meses.
O secretário Municipal de Cultura, Gustavo Mendes, afirma que a proposta trará muitos benefícios para a nova condição dos trabalhadores: “No município, temos muitos artistas qualificados que, infelizmente, estão sofrendo as consequências da pandemia. Portanto, com a Lei Aldir, há uma solução, durante esse período, para ajudá-los”, pontua o secretário.
Divulgados pelo Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), surpreendentemente, o município bateu recorde no ICMS Cultural em 2020. A princípio, a previsão era de 5,65, entretanto, a pontuação chegou a 11,65, a maior já registrada. Essa avaliação pode trazer muitos benefícios para a cidade. Nesse ano, foi destinado para a cidade um total de R$ 230 mil por parte do Governo do Estado. No ano passado, a nota foi equivalente a 0,65, e repasse foi de apenas de apenas R$ 10 mil.

Soluções alternativas
Para complementar a renda, artistas buscam alternativas para driblar as dificuldades financeiras. Um exemplo é Mariana Bernardes, pedagoga e contadora de histórias, casada com William Santos Neves, artista plástico e produtor de eventos. Eles elaboraram um kit com peças em 3D, para as crianças pintarem. O casal já oferecia esse produto em oficinas presenciais.
Outra artista também foi impactada pelo novo coronavírus, é a musicista, professora e cantora Mariana Xavier. Depois que as aglomerações foram proibidas, seus shows foram cancelados. As apresentações em cervejarias e bares, não puderam acontecer.
Já se adaptando ao novo cenário, Mari, como é conhecida pela classe artística da cidade, voltou suas atenções para as aulas de música. Como aulas presenciais, também estão suspensas, ela criou um método online para ensinar e acompanhar o desenvolvimento dos alunos: “Eu tive que aprender. Mesmo que eu estude engenharia de computação, eu não tinha muita afinidade com programas de chamada de vídeo”, narra. Além da dificuldade com os programas, houve a necessidade de investimento em equipamentos para a captação de áudio e, também, para atrair o aluno.
Sobre a renda durante a proibição dos shows, a artista destacou a importância do auxílio emergencial. Segundo ela, se não fosse esse suporte por parte do Governo, com certeza estaria endividada. Há algumas semanas, as aulas que ela ministra foram retomadas, mas apenas com um aluno. Nos encontros, todas as recomendações de distanciamento e de cuidados são observadas.

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