A mídia e as marcas frente ao movimento body positive
- Redação do Matraca
- 10 de mar. de 2021
- 3 min de leitura
Por muito tempo, as grandes mídias tradicionais divulgaram padrões estéticos padronizados com interesse de desencadear comportamento de compra direcionado para roupas, produtos de beleza e procedimentos cirúrgicos. Muito além disso, essas mídias construíram certos padrões e os comercializaram como produto ideal para diversas pessoas. Com a chegada das redes sociais, como Facebook e Instagram, o culto midiático da beleza perfeita logo já se adaptou as novas ferramentas virtuais, alcançando cada vez mais usuários e intensificando ainda mais o número de pessoas fanáticas por atender aos padrões estéticos divulgados. Algumas marcas, neste cenário, aproveitaram para fortalecer a imagem de seus produtos como “solucionadores” referente a diversos assuntos desse âmbito, tais como: “as gordurinhas”, pregando o idealismo do corpo magro e a conquista tão sonhada do cabelo liso, direcionando a classificação preconceituosa de “cabelo ruim” para cabelos cacheados e crespos.
COMO O BODY POSITIVE
TEM INFLUENCIADO O MERCADO
Todavia, atualmente, o movimento social “body positive”, que significa corpo positivo, tem ganhado destaque e incentivado diversas pessoas a aceitarem a sua própria beleza, criticando ferrenhamente padrões estéticos e abrindo, por meio das mídias alternativas, espaço para o diálogo sobre o respeito à diversidade de todo o mundo. Devido a força do movimento, as mídias tradicionais e as redes sociais vêm se posicionando e mudando o seu discurso e muitas marcas, com o objetivo de manter a sua lucratividade e reputação, tem se adequado às mudanças sociais e trabalhado com a inserção de modelos transexuais, negros e plus size em seus comerciais.
É o exemplo da campanha da C&A, intitulada como “entre na mistura”, em que apresenta várias pessoas que possuem características variadas e que trabalha a questão de que não é problema nenhum misturar aspectos diferentes. Desse modo, os slogans “sou gorda e sou sexy”, “sou negra e sou loira”, “sou relax e sou fit” revela a influência do “body positive” no conceito da campanha.


Tais adaptações das marcas e da mídia frente ao movimento revela como a economia política da comunicação se manifesta em diversas situações. A questão aqui é, apesar do “body positive” ser um importante ponto de mudança na sociedade e que, inegavelmente, esteja transformando as maneiras como as pessoas se veem, não se pode deixar de olhar para os verdadeiros interesses das empresas que estão assumindo esse novo discurso estético. A verdade é que a mídia e o mercado neoliberal, como sempre fizeram e ainda fazem, produzem conteúdo e produtos dentro de um cenário que eles sabem que terão audiência para consumi-lo. Assim, as atitudes das marcas de também assumirem esses discursos sociais são, na realidade, estratégias de venda frente ao crescente número de pessoas que estão apoiando o movimento.
SER DIFERENTE É O QUE
FAZ SERMOS TODOS IGUAIS
Sendo assim, é inegável que o “body positive” tem influenciado o mercado e transformado as relações de compra e venda no ramo da beleza e da estética. E mesmo que algumas empresas estejam apoiando esse discurso pautando-se em interesses particulares, não tira em nenhum aspecto a legitimidade e importância do movimento, o qual tem transmitido uma mensagem poderosa de “amor próprio” e “respeito ao diverso” para a sociedade como um todo, contribuindo no combate de transtornos sérios como depressão, anorexia e bulimia. O “body positive” não se trata apenas de bater de frente contra a gordofobia, mas de incentivar a descoberta de aspectos positivos sobre o próprio corpo e valorizá-lo, seja um nariz grande, um cabelo crespo, um quadril largo, os seios pequenos, uma sobrancelha diferente da outra. A mensagem é de ter uma visão positiva sobre si mesmo e sobre o próximo, deixando para trás qualquer ensinamento padronizado e segregatório, pois afinal de contas, ser diferente é o que faz sermos todos iguais.
Ana Conesa
Beatriz Albernaz
Fernanda Elisa
Matheus Antonio
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