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A repercussão da onda roxa entre a população: expectativas quanto ao combate à pandemia

Bárbara Machado Rocha, Gustavo D’angelo e Douglas Keesen


O governo do Estado de Minas Gerais decretou no dia 03 de março a Onda Roxa, fase mais restritiva e severa do programa Minas Consciente. O objetivo é conter a evolução da pandemia do Covid-19 e restabelecer a capacidade de atendimento do setor de saúde. Tendo duração inicial de 15 dias, a localidade que nela se encontra deve adotar toque de recolher entre 20h e 05h, limitar a circulação de pessoas, proibir eventos e reuniões presenciais, além de fechar todo o comércio não-essencial e fiscalizar o uso obrigatório de máscara em espaços públicos ou coletivos.


Criada para retardar o colapso iminente do sistema de saúde mineiro, a nova fase demonstra o descontrole no combate à pandemia por parte da administração estadual. Considerando que a vacinação caminha em ritmo lento (em 1 mês de campanha, apenas 1,98% dos mineiros haviam tomado a primeira dose do imunizante) e o estoque de vacinas ainda é limitado, fica clara a necessidade de conscientização da população quanto à importância do isolamento e do distanciamento social. Mas o que pensam a respeito da condução do combate à pandemia por parte do Governo Estadual os moradores das regiões inseridas na Onda Roxa que, apesar do medo, são obrigados a sair todos dias por motivo de trabalho? E aqueles poucos que seguem isolados à espera de dias melhores?


Guilherme tem 23 anos, é publicitário em Belo Horizonte e faz parte dos 62,2%* dos jovens do estado que estão trabalhando presencialmente. Designer de uma grife de calçados em Belo Horizonte, a empresa não aderiu ao home office, sugerido pelo Governo do Estado durante o último decreto publicado.


Apesar de pegar um ônibus vazio no caminho para o trabalho, ele fala das recomendações sanitárias que segue para evitar o contágio. “Sempre lavei bem as mãos, utilizava álcool em gel e máscaras N95 que comprei. Depois a empresa passou a fornecer. Em casa, já colocava as roupas do dia para lavar.” Se descrevendo como uma pessoa responsável quanto aos protocolos, ele ainda demonstra preocupação, principalmente com os novos casos de jovens infectados e com a taxa de letalidade da nova variante do vírus.


Wilda tem 60 anos aposentada de Divinópolis, faz parte da pequena parcela da população que segue isolada há quase 1 ano. Por fazer parte do grupo de risco, ela se viu forçada a abdicar de suas atividades rotineiras em nome da sua saúde, saindo de casa apenas em situações de urgência, sempre com máscara e álcool gel na bolsa e com medo por seu bem-estar e o de seus familiares. Para ela, a pandemia deveria ter sido encarada com mais seriedade por parte dos governantes desde o começo, com medidas mais duras para proteger e conscientizar o povo. Ela vê a nova Onda Roxa como um “mal necessário” já que, enquanto não temos vacinas suficientes para todos, é imprescindível incentivar as pessoas a permanecerem isoladas em suas casas.


Depois de tantos meses reclusa, o temor agora é acompanhado pelo cansaço de se ver trancada e pelas sensações de impotência e revolta ao perceber que uma doença tão perigosa quanto o Covid ainda não é levada a sério por boa parte dos habitantes de sua cidade. Exausta, ela espera que a situação passe a melhorar após os 15 dias previstos pelas diretrizes do programa Minas Consciente e que tudo se encaminhe para um momento mais seguro quando a vacinação em massa da população for uma realidade.


Ocupação de leitos


Durante o mês de março, o Estado vive o momento mais grave da pandemia, com hospitais no limite onde 85,31% dos leitos de terapia intensiva para pacientes com Covid-19 estão ocupados. De acordo com Fábio Baccheretti, o novo secretário estadual de Saúde, na última semana, o número de pacientes à espera de vagas de UTI cresceu "de forma exponencial" em Minas Gerais.


"Diferente de todo o cenário vivido nos últimos 12 meses, desde o início da pandemia, a gente desta vez vive um cenário único, que é todo o Estado sofrendo muito ao mesmo tempo", pontuou Fábio.


Na capital, Belo Horizonte, a ocupação de leitos de terapia intensiva chegou a 93,4% na última segunda-feira (15). Na região Centro-Oeste do estado, muitos municípios ampliaram a fiscalização das medidas contra o coronavírus e se apoiam na expectativa de implantação de 60 leitos em uma unidade de campanha no Hospital Regional em Divinópolis, onde a taxa de ocupação supera 80,9% de UTI.

*Pesquisa feita pelo Ensino Social Profissionalizante (Espro) no dia 2 de março.. Disponível em: <https://www.espro.org.br/>

 
 
 

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