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Feminismo e resistência: a luta das mulheres contra o regime militar

No mês de aniversário da ditadura, relembre a participação feminina contra os governos autoritários


Ana Luísa Lisboa


As mulheres sempre estiveram presentes nos movimentos de contestação ao longo da história e, no período ditatorial – que completa 57 anos no próximo dia 31 – não foi diferente.


Em nosso recente passado histórico, também conhecido como “anos de chumbo”, mulheres brancas, pretas, pobres e ricas se uniram para derrubar o regime militar e lutar pela redemocratização do país. Durante a ditadura, grupos feministas lutaram lado a lado em prol de um mesmo objetivo: o direito à liberdade e à democracia.


Nessa mesma época, nos anos 60, a chamada “segunda onda” do feminismo chegou ao Brasil. Motivadas pelas conquistas adquiridas em um período em que as mulheres eram vistas como cidadãs de segunda categoria, elas se uniram e marcaram presença constante nos movimentos de oposição ao governo e, ao mesmo tempo, se mantinham envolvidas em mobilizações pela causa.


De acordo com o portal Memórias da Ditadura, para lutar contra os militares do governo, as mulheres se organizaram em clubes de mães, associações, comunidades eclesiais de base e sindicatos. Além disso, quando o corpo feminino era usado como estratégia de resistência, elas participavam de ações de espionagem, pois tinham mais facilidade para se camuflar na multidão. Já as mulheres que não participavam dos conflitos, atuavam como enfermeiras ou professoras. Também, mesmo que em menor número do que os homens, o grupo usava armas durante os conflitos e, colaboraram de todas as formas com a derrubada da ditadura.

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Participação feminina foi ativa na ditadura militar. Foto/Reprodução: Memórias da Ditadura

Elas lutaram, mas também foram torturadas


Mesmo colaborando com o fim do regime militar, as mulheres – assim como integrantes de outros movimentos sociais ­– foram mortas, violadas, torturadas e humilhadas. As que eram capturadas os militares tentavam a todo custo, colocá-las em seus “devidos lugares”. Muitas eram insultadas, chamadas de vagabundas e prostitutas e, como se não bastasse enfrentar comentários machistas, eram forçadas a tirar a roupa em frente aos agentes da ditadura, todos homens.


Segundo o portal Memórias da Ditadura, as mulheres eram torturadas de forma diferente aos homens. Além das ofensas e humilhações, muitas eram violentadas sexualmente. As gestantes sofriam abortamentos forçados durantes as sessões e, em alguns casos, os torturadores aplicavam choques elétricos em seus órgãos genitais para que elas não pudessem mais engravidar. A crueldade era ainda maior quando os militares torturavam crianças nas sessões para atingir suas mães.


Imprensa alternativa feminista no Brasil


Durante o período da ditadura, mais precisamente na década de 1970, novos espaços foram surgindo para dar voz às mulheres que estavam sendo silenciadas não apenas pela sociedade, mas pelo regime militar. Assim, elas foram se apropriando de meios de comunicação variados, como revistas, jornais alternativos e boletins, com o objetivo de não se deixarem calar e continuarem lutando a favor da liberdade de expressão e da democracia.

Entre os veículos da imprensa alternativa feminista criados na época, destacam-se os jornais Brasil Mulher (1975-1979), Mulherio (1981-1987), Nós Mulheres (1976-1978), os jornais, Correio da Mulher (1979) e Maria Quitéria (1977), dentre vários outros.


Fato é que as mulheres sempre foram e sempre serão referência de resistência, independentemente das situações pelas quais são submetidas. No regime militar elas tiveram um papel fundamental, pois contribuíram com a queda dos governos autoritários. Por esse motivo, é preciso exaltá-las, lembrar da sua participação e colocá-las em posição de destaque como merecido.


Alexandre Bernardes, Ana Clara Libório, Brenda Ribeiro, João Pedro Cardoso

 
 
 

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