O preço da pandemia
- Redação do Matraca
- 13 de mar. de 2021
- 3 min de leitura
Alta no valor dos alimentos impacta na mesa dos brasileiros
Alexandre Bernardes, Bruno Oliveira e Roberta Carvalho
A inflação nos produtos da cesta básica no Brasil em 2020 foi alarmante. De acordo com dados do IBGE, desde 2002 os preços dos alimentos não subiam tanto. O aumento foi de 12,74% em 2020. Os principais fatores que determinaram a alta foram a pandemia, com a mudança de hábitos provocados por ela e a alta do dólar, que fechou o ano com alta de 29,33%.
Em casa, algumas famílias tentam contornar os preços altos com substituições, como é a situação da família de Naldimara Carvalho. A dona de casa relata que “a carne de boi, principalmente, já não é ingrediente presente em todas as refeições da família. Às vezes substituímos por ovos, outras por frango, mas virou uma comida esporádica”. No ano passado, a carne bovina acumulou 13,9% no valor para o consumidor.
Em Varginha (MG), uma medida da prefeitura tem colaborado para reduzir esses efeitos e manter uma dieta mais saudável e variada na casa das famílias. Os alimentos que seriam destinados para a merenda escolar dos alunos da rede pública municipal foram convertidos em cestas com frutas, verduras e legumes. Embora a medida seja importante, ela não é suficiente para suprir as necessidades das famílias. “A situação é preocupante e nos deixa bastante aflitos”, comenta Naldimara mãe de um aluno da escola Municipal Domingos Ribeiro de Rezende.
Nutricionista alerta sobre situação de famílias mais numerosas
A nutricionista Julia Vitória adverte que em casos de famílias muito numerosas a situação pode ser incontornável. “Considero preocupante a escassez no consumo de frutas, verduras e hortaliças. Famílias que se encontram com duas, três ou até mais crianças e adultos não conseguem manter o consumo de um alimento de cada grupo (carboidrato, proteína e gordura) por dia”.
A nutricionista relata que para prescrever uma dieta balanceada é necessário estar atento ao que o paciente pode comprar. “Para suprir as necessidades nutricionais e manter um balanço adequado ao paciente, colocamos aqueles alimentos que cabem no orçamento de momento, considerados alimentos básicos”.
Trabalho voluntário da Samaritana atende famílias em risco
A Casa Samaritana realiza diversos trabalhos com famílias em situação de vulnerabilidade social em Divinópolis. São cursos profissionalizantes oferecidos aos jovens, projetos de inclusão com oficinas para as mães e auxílio na alimentação. Porém, com a pandemia e os protocolos de distanciamento, a instituição ficou restrita apenas ao auxílio alimentar.
Para o assistente social da Casa, Itamar Antônio, o trabalho social “é de suma importância no cotidiano destas famílias acompanhadas pela Instituição. Ele colabora no enfrentamento ao impacto social causado pela pandemia da COVID-19 e o aumento considerável no preço dos itens de primeira necessidade”.
Além disso, Itamar destaca que “com este suporte alimentar as famílias conseguem viver com mais dignidade. Alivia as preocupações, sem contar que o valor financeiro que seria gasto com estes itens podem ser usados para suprir outras despesas”.
Por fim, ele convida os leitores do Matraca a ajudarem o projeto. “Foi necessário nos reinventar e elaborar outras metodologias de trabalho para a Casa se manter e as famílias não serem prejudicadas. Muitos contribuintes e empresas deixaram de colaborar os eventos que eram parte importante do orçamento não foram mais possíveis de serem realizados. Estão sendo tempos desafiadores, mas durante todo o período de pandemia as famílias assistidas pela instituição não ficaram sem o nosso auxílio e o nosso suporte”, conclui. As pretensões para voltar com o funcionamento completo da instituição dependem tanto da situação na cidade com relação a pandemia, quanto da arrecadação de fundos para oferecer as aulas e o transporte até elas.
o título e o subítulo trazem uma boa síntese do que virá na matéria.
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