É falsa notícia da falta de oxigênio para pacientes com Covid-19 no Hosp. Manoel Gonçalves em Itaúna
- Redação do Matraca
- 29 de mar. de 2021
- 4 min de leitura
Informações falsas circularam pelo WhatsApp há duas semanas
Ana Luísa Lisboa e Brenda Ribeiro

Circulou em grupos de WhatsApp uma mensagem em que se dizia que havia faltado oxigênio para pacientes com Covid-19 no Hospital Manoel Gonçalves, em Itaúna (MG). De acordo com o conteúdo compartilhado há duas semanas, a informação teria sido dada por uma pessoa dentro do hospital e, posteriormente, divulgada no aplicativo de mensagens para cidadãos itaunenses.
No entanto, com a repercussão do assunto, no dia 13 de março, a Prefeitura de Itáuna soltou uma nota em seu perfil do Instagram desmentindo a notícia. Sabendo do ocorrido, a equipe do Blog Matraca entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura da cidade para verificar se, de fato, a informação sobre o esgotamento do reservatório de oxigênio do hospital é falsa, e para saber a real situação de Itaúna com relação ao enfrentamento da pandemia do coronavírus.
Mensagem divulgada e nota da Prefeitura
Há duas semanas, uma mensagem de WhatsApp foi compartilhada entre moradores do município de Itaúna. O comunicado em questão, afirmava ter faltado oxigênio para pacientes internados com Covid-19 no Hospital Manoel Gonçalves, confira:
“Ei. Fiquei sabendo que faltou oxigênio no hospital de Itaúna. Uma pessoa lá de dentro me falou. Pessoa de confiança minha”. (Mensagem que circulou em grupos de WhatsApp).
Porém, no sábado (13), a Prefeitura da cidade se prontificou e divulgou uma nota em seu perfil do Instagram afirmando ser falsa a notícia. A publicação continha o print da mensagem e uma legenda que dizia:
“Atenção Itaúna! Mensagens que circularam neste sábado afirmando que faltou oxigênio para pacientes com Covid no Hospital Manoel Gonçalves, NÃO SÃO VERDADEIRAS. É sabido que toda a rede de saúde do Estado e do Brasil vive verdadeiro colapso em sua capacidade de atendimento. E que medidas como uso de máscara, de álcool gel para higienização, isolamento e distanciamento são eficazes e necessárias para evitar a disseminação do vírus neste momento. Portanto, ao invés de disseminar fake news, prefira espalhar empatia por onde passar.”
No mesmo dia, o hospital notificou à população, também pelo Instagram, que a informação é inverídica e que “o reservatório de oxigênio está sob controle, sendo monitorado diariamente”.
Parecer da assessoria da Prefeitura sobre o ocorrido
Com base nos boletins diários da pandemia publicados pelo hospital e sabendo do colapso da pandemia em toda a região, a equipe de reportagem do Blog Matraca procurou a Prefeitura do município para confirmar a desinformação. Em entrevista, o assessor de comunicação, Hermano Martins, afirma, “é inegável que toda rede hospitalar do estado está estrangulada. Obviamente alguns insumos estão em baixa. Porém, o oxigênio não faltou e o fornecedor tem garantido sistematicamente que não há possibilidade de faltar”.
Ao analisar o perfil da Prefeitura, foram encontradas outras publicações em que a instituição desmentia informações compartilhadas em grupos de WhatsApp. Sobre a frequência das fake news, o assessor declarou ter aumentado muito com o Covid-19. Segundo ele, “hoje temos muitas ferramentas e a informação corre muito rápido. Porém falta empatia, além de preparo. Não quer dizer que tenho um celular na mão que sou um profissional preparado para informar.”, argumenta.
Enfrentamento das Fake News
De acordo com os pesquisadores Wilson Gomes da Silva e Tatiana Dourado, da Universidade da Bahia (UFBA), fake news é o termo utilizado para designar relatos que tenham por objetivo inventar ou alterar um fato. Segundo as constatações dos autores apresentadas em um artigo publicado em dezembro de 2019 sobre o tema fake news, esses relatos são disseminados em larga escala e, na maioria das vezes, através das mídias sociais, por pessoas que tenham interesse nos impactos que eles podem produzir na sociedade.
Dos grandes centros urbanos até os interiores do país, acompanhamos, desde o início da pandemia, um grande volume de boatos e informações falsas que foram espalhados para a população. As preocupações aumentam quando percebemos que o problema do uso extensivo de fake news atravessa o cenário de pandemia no Brasil, no momento em que o país enfrenta a maior crise sanitária dos últimos tempos. Liderando o ranking do país com o maior número de casos e de mortes por coronavírus da América do Sul, o enfrentamento das fake news se apresenta hoje como um dos grandes desafios.
Em Minas Gerais, as medidas de isolamento social e de controle de circulação de pessoas foram intensificadas nas últimas semanas, em razão do alastramento desenfreado da doença. No último dia 25 de março, o boletim epidemiológico divulgado no site da Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirma mais de 13 mil casos de infecção por coronavírus nas últimas 24 horas, colocando o estado em situação de alerta para colapso do sistema de saúde.
Segundo boletim divulgado pela prefeitura de Itaúna, a cidade computa até o momento 6.419 casos confirmados e 91 óbitos. A prefeitura também divulgou no último dia 22, em seu perfil do Instagram, um post alertando sobre o tratamento precoce, um assunto amplamente divulgado durante a pandemia. Segundo informações no perfil da prefeitura: “o único tratamento precoce é a vacina. Ao contrário do que andam espalhando, ainda não há remédios capazes de curar precocemente e muito menos prevenir a covid-19”.
Em entrevista concedida ao Blog Matraca, a assessoria de imprensa da prefeitura de Itaúna se manifestou sobre a ameaça das fake news para o cenário de pandemia, alertando: “uma população de fato bem informada é uma população mais segura e saudável. Disseminar fake news é quebrar uma dinâmica séria que é a promoção da informação”. Quando questionado acerca de quais medidas tomadas pela prefeitura para lidar com a desinformação, Hermano declara que o órgão tem lidado com transparência. “Procuramos produzir informações de diversos tipos e a todo momento. Quando começa a circular fake news, logo desmentimos.”, conta o assessor.
A reportagem do Matraca entrou em contato com o Hospital Manoel Gonçalves, em Itaúna (MG), mas a instituição não quis se manifestar sobre o assunto. De acordo com a SES, a cidade e todas as macrorregiões do estado seguirão em onda roxa do Minas Consciente até o fim da semana santa, no dia 4 de abril.
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